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Por que é tão difícil se "despedir"?

"As aventuras de Pi” (Life of Pi), de 2012, filme vencedor de quatro estatuetas (Oscar), incluindo a de melhor diretor para Ang Lee. Certamente foi uma das histórias mais bonitas e sensíveis do cinema.


No começo, parece arrastada, cheia de efeitos especiais, mas conforme a história vai se desenrolando, ou seja, conforme as “aventuras” do jovem Pi (Piscina Patel), que acaba passando mais de 200 dias no mar, após o naufrágio do cargueiro que levaria ele e sua família da Índia para o Canadá, vamos nos encantando e nos emocionando verdadeiramente com a coragem e a determinação desse jovem pela sobrevivência, e sua luta para enfrentar e manter os seus costumes e valores indianos.


Ele se vê em um bote com uma zebra, um orangotango (fêmea) e o famoso tigre de bengala, Richard Parker. As metáforas são muitas e, por isso, é preciso prestar muito a atenção para não se perder em meio aos efeitos especiais.

É preciso assisti-lo mais de uma vez, porque, sabiamente, o roteiro só é desvendado nos minutos finais do filme, por isso, durante toda a aventura, alguns podem se sentir perdido na luta física e mental do jovem indiano.

Enquanto o adulto Pi conta sua história a um escritor, não dá pra saber o que é verdade ou imaginação -- lembra um pouco “Peixe Grande”, de Tim Burton, e o seu final surpreendente. O que representa a zebra, a hiena, a orangotando e o tigre para o jovem é fascinante. E como ele decidiu entender essa tragédia é uma verdadeira lição de vida.

O adulto Pi foi em várias passagens repete para o escritor  algo muito interessante: “eu percebi que não me despedi”. Ele não havia se despedido do grande amor que deixou na Índia, da família que perdeu no naufrágio e, por fim, do Tigre, seu companheiro de aventuras.

Essa sua angústia nos leva a perguntar: Por que o ser humano não se despede nunca? Será que acreditamos sempre em reencontros? Ou seja, carregamos a certeza que a vida vai nos proporcionar esses reencontros para que possamos nos despedir e falar sobre nossos sentimentos para o outro? Talvez nunca nos despedimos (ou a maioria não se despede) por medo, talvez por insegurança ou talvez por esperança. Mas, na verdade, nunca nos despedimos no sentido de nos desvelar ao outro, e esse desvelamento é fundamental para uma vida feliz.

De todas as metáforas desse belo filme, muitas chamam a atenção, mas duas são muito interessantes: a da ilha, que representa a vida, que nos dá tanta coisa, mas se não tivermos cuidado pode se transformar em algo ácido e nos aniquilar; e a do Tigre... ... mas essa, para vocês entenderem, será preciso assistir ao filme.

A lição mais importante das Aventuras Pi foi é que todas as situações pelas quais passamos podem ser vistas de muitas maneiras e, dependendo da maneira que as vemos, nossa vida pode ser boa ou ruim.

Ou seja: A DOR É PRA SEMPRE, MAS O SOFRIMENTO É OPCIONAL.

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