Formações Inconscientes

“(...) a essência do processo de repressão não está por fim, em destruir a ideia que representa o instinto, mas evitar que se torne consciente”

Freud, S. O Inconsciente, de 1914

A repressão é um mecanismo mental inconsciente, pelo qual as ideias ou os impulsos indesejáveis para o Ego são impedidos de chegar ao sistema consciente. Trata-se de um mecanismo de defesa que tem como função eliminar algum material (ideia) da consciência. Ou impedir que ele retorne atuando entre os sistemas.

O inconsciente é regido pelo princípio do prazer e opera segundo o processo primário. Seus conteúdos são representações das pulsões, que tentam constantemente retornar à consciência. Isso porque o inconsciente é constituído por uma energia ligada (libido), que circula livremente.

No pré-consciente, a energia está ligada por meio de cadeias associativas, podendo se ligar, também, aos conteúdos inconscientes por meio dos pensamentos oníricos. Na passagem dos conteúdos Ics. para o Pcs., há uma primeira censura – o que Freud chamou também como “teste”. Caso esse conteúdo “passe pelo teste”, ele consegue atravessar para o outro sistema. Caso não, ele retorna, ou seja, é novamente reprimido. Para que esse conteúdo – que já está alojada no sistema Pcs. passe para o sistema Cs., há um “segundo teste” (censura) que tem como objetivo dificultar a sua passagem para o sistema Cs. Aqui o mecanismo de defesa repressão (rejeição de ideias, pensamentos, etc.) também atuará. No entanto, os conteúdos só passam de um sistema para o outro por meio de condensação e deslocamento, também mecanismos de defesa. O deslocamento transfere a libido de uma representação a outra. Porém, é importante esclarecer que essa transferência não anula a substituída, mas a une em uma cadeia associativa. Já a condensação tem a função de criar uma representação única que está ligada a várias cadeias associativas produzidas pelo deslocamento.

Como podemos perceber, as representações do Ics. passam por uma série de transformações até chegar ao Cs.. Sendo assim, as formações inconscientes são elaborações psíquicas e simbólicas, cujas formas dependem das memórias inconscientes do sujeito analisado.

E como essas representações chegam ao sistema Cs.? Manifestam-se através de vários sintomas (como dores, doenças crônicas), os sonhos, os chistes, os atos falhos, comportamentos repetitivos e as lembranças encobridoras. Essas transformações inconscientes auxiliam na condução da análise e possibilita chegar a uma ideia simbólica do que foi reprimido, porque dificilmente chegaremos à ideia original. No entanto, quando se alcança esse objetivo é possível levar certo alívio ao analisando. Contudo, para se chegar a esse ponto, o analisando tem que superar certas resistências, que são, muitas vezes, como as que anteriormente expulsaram o conteúdo do sistema Cs. para o Ics.