Adultos infantilizados são adultos doentes
- Teca Pereira
- 23 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de abr. de 2021
Tenho um lindo sobrinho que sempre foi extremamente divertido e tinha tiradas muito peculiares para diferentes situações. Uma certa vez, minha irmã (sua mãe) me contou que ele estava muito bravo porque ela o teria repreendido por algo que ele fizera, e como essa “braveza” já durava muitos dias, ela perguntou: “o que eu fiz para você estar tão bravo ainda?” Ele não teve dúvidas e respondeu quase imediatamente: “Você nasceu!”

Vindo de uma criança é algo engraçado e que comentamos como até “esperteza” nas reuniões de família, e só. Mas quando atitudes infantis como essa e outras vêm de adultos, é preciso muita atenção e preocupação.
Adultos infantilizados têm sido uma constante em consultórios psicanalíticos. Embora eles não tenham a noção dessa característica de personalidade, os profissionais que os atendem logo conseguem identificá-los, principalmente devido a suas queixas e fixações por algo, alguém ou situações que não deveriam ser levadas a sério ou não tão a sério.
Mas independentemente de serem sérias ou não, consomem praticamente o dia todo desses indivíduos, que ficam planejando como contra-atracar quem ou o que os contrariaram ou os desafiaram, desperdiçando precioso tempo buscando culpados, quando deveriam direcionar seus esforços para se resgatarem de suas condições infantilizadas.
Os adultos infantilizados negam a realidade na maioria do tempo, sobretudo quando são confrontados com fatos, ou então contraditos. Essa negação é um artifício que esses indivíduos usam para fugir da dor do crescimento. Contudo, apesar de parecerem inofensivos, é preciso muita atenção, porque necessitam de tratamento.
Os adultos infantilizados apresentam uma personalidade vitimizada pelo retrocesso espiritual, emocional e intelectual. Percebem as situações e os fatos de maneira distorcida, incompleta e superlativa e, com isso, têm crises exageradas de ansiedade diante do desafio natural de existir, tornando-se, assim, como as crianças, vingativos. Porém, crianças grandes, vingativas e traiçoeiras, por terem mais capacidade de articulação intelectual.
Mas apesar dessa capacidade intelectual, após “planejarem o seu golpe”, que julgam vingativo, agem como crianças de dez anos, ou menos, rindo da ação que executaram, considerando que “deram o troco e saíram vitoriosos da situação”. Quando na realidade a ação só causou perplexidade. Na maioria das vezes, as pessoas que estão a volta desses indivíduos - amigos, familiares, colegas profissionais – percebem a situação, mas não têm coragem de alertá-los.
Outra característica que acompanha a personalidade dos indivíduos infantilizados é a vaidade; gostam de ser o centro das atenções e de terem seus egos afagados por elogios ou reconhecimento de seus feitos. Por isso, são capazes de enaltecerem todas as situações das quais participam e esperam comentários repletos de louvores.
São pessoas com grandes dificuldades de cumprirem regras e aceitarem limites e, por isso, acusam pessoas e fatos exteriores pelo que lhes acontecem. Ou seja, não se sentem responsáveis por nada e se sentem vítimas de todos e de tudo. É muito comum os adultos infantilizados dizerem que estão sendo perseguidos e ameaçados por aqueles que os contrariaram, porque necessitam o tempo todo da aprovação do "mundo", assim como as crianças que buscam a todo tempo a aprovação dos pais.
E o mais grave: diferentemente da criança, por não encontrarem no meio em que vivem limites, por não ouvirem ninguém, praticam ações irresponsáveis e nocivas tanto para si, quanto para outros. Lembrem-se: adultos infantilizados precisam de tratamento!
Texto Redigido em Maio/2013
Texto Atualizado em Maio/2020
Comments